29/02/2012

A pontuação na publicidade

Para alguns será uma questão menor, mas a verdade é que somos bombardeados com publicidade diariamente, sendo contagiados por ela de muitas formas.
Se é certo que a publicidade visual goza de alguma elasticidade no que toca a regras de estilo em virtude dos efeitos que pretende alcançar (escrever tudo em maiúsculas para conseguir maior impacto ou partir as linhas em vez de usar vírgulas, por exemplo), também é verdade que não se deve escusar a cumprir os mínimos de correção.

No exemplo acima, temos duas frases que não têm ponto final. Começam com maiúscula, contêm uma ideia completa, mas depois falta-lhes o ponto. Na segunda frase é ainda mais tolo, pois até já há uma vírgula!
Na rodela em que se diz que o produto é o n.º 1, falta o ponto entre N e º. Não custava nada lá tê-lo posto. Em nada estorvava o grafismo e (mesmo que estorvasse!...) escrevia-se em bom português.

A publicidade chega a milhares de pessoas. É uma oportunidade para ensinar, deixar uma marca positiva, de mostrar como se faz. Se não se está preocupado com o consumidor (e somos todos consumidores de publicidade, pois é quase impossível fugir-lhe), então pense-se nas vantagens para o anunciante, a agência, etc., em fazer um trabalho bem feito.

A forma da mensagem é importante. Não cumprir os mínimos é uma vergonha para o emissor e, no fim de contas, uma falta de respeito para com o destinatário.

Os novos Acordos Ortográficos

Há sempre espaço para melhoramentos. Ainda bem que Francisco José Viegas põe essa hipótese. Troca as voltas a muita gente, mas antes assim (espero). Vejamos o que aí vem.

Outra notícia aqui.

28/02/2012

Palavra de crítico

Eis uma bela entrevista a uma das principais críticas e jornalistas literárias da nossa praça, Sara Figueiredo Costa (autora do blogue Cadeirão Voltaire).

23/02/2012

Dica para colegas

Regra geral, os profissionais da escrita passam o dia frente ao ecrã e rodeados de papéis (sobretudo os editores/revisores de texto, que, em certas alturas, têm diante de si vários jogos de provas de um mesmo livro). Isto de estar um dia inteiro absorto em papelada real e virtual dá algumas dores de costas a quem não alonga os músculos com regularidade. Por mero acaso, descobri há tempos uma ferramenta muito útil que ajuda a contornar alguns problemas. Chama-se BRÄDA e (como o nome indica) vende-se na IKEA.


Esta peça de plástico insuspeita, promovida como «suporte para computador portátil», cumpre perfeitamente essa função, mas não se fica por aí. A dobra que tem na base permite pousar dois bons maços de folhas A4 lado a lado (ideal para contraprovas), segurar um livro ou outro objeto num ângulo de 17º, tornando a leitura muito mais confortável. Além de termos a secretária mais organizada, poupa-se o pescoço, os olhos e algum tempo. Nada mau, por 3,99€.

20/02/2012

O mesmo critério para todos os textos?

Há uns dias, a propósito de uma coisa que escrevi — «Todos os textos merecem o melhor tratamento possível.» —, perguntaram-me se isso se aplicava até a Mein Kampf

A minha resposta é afirmativa. Um revisor/editor tem a sua ética pessoal, e deve respeitá-la sempre, mas não pode ser moralista para com o texto. Por dois motivos: 

1) O texto em si não tem moral. É um veículo, no qual muita coisa pode ser transportada (ideias, sentimentos, informação…), mas o que interessa ao editor/revisor é ter o veículo afinado, a funcionar da melhor maneira possível. Tudo o mais cabe ao autor, a quem o publica, divulga, critica e lê. 
Porque não gosta das ideias contidas num texto, um impressor vai imprimir mal um livro? Não. Porque não gosta das ideias contidas num texto, o editor/revisor vai sabotá-lo, distorcê-lo, prestar-lhe um mau serviço? É certo que trabalha de perto com o seu conteúdo, mas fazê-lo iria contra a sua ética profissional. Se pressente que não conseguirá manter-se imparcial, o melhor será recusar esse trabalho. Está no seu pleno direito. 

2) A ética profissional do editor/revisor obriga-o principalmente para com o leitor. Mantendo-se fiel às intenções do autor, cumpre-lhe fazer chegar as ideias do texto da forma mais rigorosa que conseguir ao destinatário. Um texto com erros de vários tipos e raciocínios confusos não abonam a favor do autor mas, sobretudo, prejudicam a receção da mensagem. O leitor deve ter a liberdade de decidir por si aquilo que acha do texto, e fá-lo tanto melhor quanto as condições de leitura o favorecerem. A liberdade do leitor é soberana e o editor/revisor não deve limitar este direito, pelo contrário.
As ideias nefastas por vezes disfarçam-se sob a capa da confusão. Ao tornar claras as ideias perniciosas de um texto, mais rapidamente elas revelam a sua verdadeira natureza. Esse deverá ser o contributo do editor/revisor. 

Assim, sou da opinião de que até os textos malditos devem ser bem tratados. 

O que pensam sobre isto?


PS: A título de curiosidade, parece que também em termos de estilo Mein Kampf estava cheio de erros.

16/02/2012

Agência de publicidade procura revisor (presume-se)


De que vale investir numa campanha se depois se cometem erros destes?

12/02/2012

A importância da forma

O conteúdo de um texto é a sua alma, mas já todos nos apercebemos de que a forma também é essencial. Por muito boa que uma ideia seja, se não houver coesão na estrutura, se não estiver correctamente expressa, ela perde impacto. Por outro lado, se for veiculada com clareza, rigor e fluidez, ela destaca-se, chegando melhor e mais depressa ao destinatário. 
Uma carta de apresentação confusa, por exemplo, pode custar-lhe um emprego, ao passo que uma carta escorreita garante-lhe uma primeira impressão positiva.

A somar a tudo isto, estudos na área da Psicologia como este, cuja leitura recomendo vivamente — demonstram que o modo como a informação é apresentada exerce grande influência na maneira como a mensagem é recebida. 
Isto tem inúmeras implicações, mas a grande lição é a de que se o texto for visualmente legível tendemos a formar uma opinião mais favorável acerca dele.
Como conclui o artigo acima referido, se é fácil de ler, é fácil de fazer, é bonito, bom e verdadeiro.

Dica: resista a usar um tipo de letra floreado ou invulgar quando a situação exige clareza.

11/02/2012

«Ter de» ou «ter que»?

É uma dúvida muito comum: «tenho de ir ao médico» ou «tenho que ir ao médico»?

O correcto, neste caso, é «tenho de». Usa-se «ter de» sempre que a ideia é de necessidade/obrigatoriedade (ou seja, na maioria das vezes). 
Só se deve usar o que quando o sentido é o de «tenho [coisas] que fazer» ou «não tenho [alimentos] que comer».

Dica: se não tem a certeza, vá pelas probabilidades e use o «ter de». 

Para saber mais, veja esta resposta no Ciberdúvidas.

10/02/2012

Manifesto