20/12/2013

Boas festas!


Com muito bolo-rei e sem gralhas. :)

18/12/2013

Os tis não são todos iguais

 
Depois deste artigo da semana passada sobre acentos, chamaram-me a atenção para o facto de o til não ser propriamente um acento e sim um sinal gráfico de nasalação que pode funcionar como acento, como bem explica o Ciberdúvidas. Na palavra órfão, pelos vistos, o til não é um acento. Mas dá algum jeito falar em  «sinal gráfico de nasalação»? Para efeitos práticos, prefiro não discriminar. :)

12/12/2013

Acentos inesperados

Gosto muito de palavras com acentos onde menos se espera. Parecem-me sempre muito futuristas e dissonantes. Uma delas é «órfão», que leva dois acentos, embora muita gente pense que só leva um, no ão. Se a palavra não fosse duplamente acentuada, leríamos «orfão», como em «orfeão». De todas elas, acho que a minha preferida é «averigúe». Adoro aquele acento no u. Se não estivesse lá, ler-se-ia «averigue», como em «mastigue». Na minha cabeça, o efeito do «gúe» é mais ou menos este:


Ocorrem-vos mais algumas palavras com acentos inesperados?


Nota: Parece que, com o novo AO, «averigúe» perde o acento, tal como outras semelhantes, o que é uma verdadeira pena. Quase tão triste como a perda do acento em «pára».

06/12/2013

Ensinamento n.º 1

Há uns anos, fiz um curso de escrita criativa com o Rui Zink. Colhi daí várias ideias que entretanto esqueci e também uma ou outra que ficarão comigo para sempre. O mais importante que aprendi (confirmei) foi sobre mim e não sobre a escrita em si: que gosto mesmo de palavras e que elas também não se dão mal comigo. O principal ensinamento, esse, é transmissível:

À primeira sai sempre piroso, só lugares comuns; à segunda tentativa melhora.

Acredito que a grande diferença entre um bom escritor e um escritor fraco é que, em geral, este último se contenta com a primeira versão. Esta é uma ideia que tanto os perfecionistas, que querem produzir uma obra-prima assim que pousam a caneta no papel, como os desleixados, que não estão para ter trabalho, devem manter por perto (ainda que, por vezes, as coisas até saiam boas logo à primeira).

Boa sexta-feira!

05/12/2013

Desmitificar / desmistificar

Este é um daqueles pequenos enganos em que quase toda a gente incorre: trocar mitificação com mistificação. «Mitificação» diz respeito a mito, conceção ilusória ou forma de pensamento primitiva, não científica; «mistificação» diz respeito a  mistificar, 1) ato ou efeito de enganar alguém ou 2) atribuir carácter místico a alguma coisa. O mito e a mística são coisas vagamente parecidas, talvez daí a confusão, mas mitificar e mistificar não são a mesma coisa. 
Assim, antes de dizermos ou escrevermos «desmistificar», devemos pensar se nos queremos realmente referir a um desengano ou a retirar a algo o carácter místico, ou se na verdade estamos a querer dizer «desmitificar», isto é, desfazer um mito.




02/12/2013

Microcontos à segunda-feira

Quando acordou, o dinossauro ainda estava lá.

Augusto Monterroso