20/03/2012

Uma nova página

Quis comprar um livro digital na Amazon, para ler com o Kindle. Não é um livro conhecido nem tem equivalente em papel. Desci na página do artigo, até ao sítio onde costuma vir indicado o número de páginas, e vi qualquer coisa como 846 KB. Felizmente que descobri na linha seguinte a indicação do print length (era de 200 páginas), para me poder guiar. Um livro com 846 KB? Nunca tinha pensado tão concretamente nisso assim. O tamanho já não se mede em quilos («um tijolo») ou em páginas («um calhamaço de setecentas páginas»). O formato já não são centímetros, mas extensões mobi ou pdf. Entrar numa livraria e pedir um ficheiro é estranho; parece piada, até. Por enquanto.

A verdade é que a página, como tudo o mais, se está a desmaterializar. No paradigma digital, deixa de haver frente e verso, a largura da mancha é a que o leitor (digital) permitir e a que o leitor (pessoa) quiser. Isto é totalmente novo. Se o suporte muda tanto, muda ou pode mudar quase tudo. As possibilidades são infinitas e vejo-o como uma coisa boa. Já sabia de tudo isto, claro, mas em teoria. Constatar que quero um livro de 846 KB tal como quero outro com 120 páginas de papel revelou-se desconfortável. 

Sinto-me com sorte por viver nestes tempos, em que assisto tão de perto a uma revolução gygantesca.

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