A Flama é uma empresa portuguesa que fabrica eletrodomésticos. As embalagens dos seus artigos têm até o logótipo de «produto português» (que, curiosamente, diz «made in Portugal»*). Há uns dias, comprei uma tostadeira desta marca e, ao ler o folheto com os conselhos de utilização, deparo com o seguinte:
«Este aparelho não é suposto ser utilizado»? Isto parece uma má tradução do inglês this device is not supposed to be used... Ninguém diria que se trata de uma marca nacional a comunicar para um público lusófono.
Não seria mais fácil e menos ambíguo dizer que o aparelho não deve ser utilizado nestas e naquelas circunstâncias? Será dever demasiado assertivo? Será que assim parece mais sofisticado? Acho que não. E, com tantas alternativas — todas elas mais lógicas e eficientes —, não percebo o motivo do disparate.
O «ser suposto», neste e noutros contextos, não chega a ser mau português porque não é português de todo. É um defeito de fala — de raciocínio! — que se generalizou, que já passou para a escrita e que devemos evitar. Recusemos absorver e promover a asneira, sobretudo se ela for importada.
Nota: a versão espanhola das instruções já diz que o aparato no debe...
*Produto mais português do que a nossa língua não há.
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