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08/11/2013

Problemas pontuais

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30/10/2013

Vírgulas

A utilização da vírgula dá dores de cabeça a muita gente. Embora haja algumas regras, também há muitas exceções e espaço para a subjetividade. Há vírgulas obrigatórias e proibidas (sempre com salvaguardas), que mudam completamente as ideias numa frase, mas também há vírgulas de estilo, que tanto podem lá estar, como não. A somar a isto há ainda o espírito da época, que ora subtilmente preconiza o uso profuso da vírgula, ora recomenda a contenção. Perante este cenário, como não ficarmos confusos? O melhor mesmo é conhecermos bem as normas principais e, no que diz respeito às outras situações, valermo-nos dos nossos sensibilidade e bom senso.
Em português,  as vírgulas são um assunto complicado, mas não é só na nossa língua que elas podem representar um problema. Até no inglês, sempre tão conciso e prático, há casos dúbios. Exemplo disso é a famosa oxford comma uma vírgula que se costuma usar depois do último elemento de uma enumeração , que alguns entendem essencial e outros, supérflua. Tão controversa é esta vírgula que até existem músicas em sua honra:



Há debates acesos entre escritores, revisores e editores sobre se uma vírgula deve lá estar ou não. Entre académicos, as discussões são ainda mais sérias. Feitas as contas, esta coisa das vírgulas importa muito? Importa qualquer coisa. Mas, por mim, desde que o texto se mantenha claro e escorreito, deve haver liberdade. E vocês, o que acham? Quanto mais vírgulas melhor ou o mínimo possível?

20/06/2012

Pontuação menor?!...

A pontuação serve para muita coisa, mas cumpre sobretudo duas grandes funções: organizar ideias (conteúdo) e conferir expressividade ao texto (forma). Depois, há regras, convenções, padrões, conselhos e curiosidades que podemos cumprir, seguir, quebrar ou não. 

Em 2012, diz o espírito do tempo que devemos ser económicos no uso da vírgula e de outros sinais que tais. Inclusivamente, não há muito, houve quem desdenhasse dos pontos de exclamação. Época de austeridade, portanto.
Dessa vez foi ponto exclamativo, mas os trigémeos siameses (sim, que as reticências são um único carácter) também são rotineiramente alvo de ataques. Que não precisamos deles, que mostram sentimentalismo excessivo, que são uma bengala para os coxos do estilo. 
É certo que muita pontuação expressiva se faz sem estilo e que muito estilo se faz sem ela, mas parece-me bacoco pensar que as duas coisas são proporcionalmente inversas.
 
Leio com frequência recomendações do género: «Não ponha nada entre parênteses que consiga pôr entre travessões, e se consegue pô-lo entre travessões é porque consegue pô-lo entre vírgulas.»*
Os constrangimentos apelam ao engenho, mas isso, em si, não é estilo é mero exercício. O estilo, quando existe, pode ser extrovertido de muitas maneiras, sem pontos exclamativos ou com mil. 

 Se temos fome e há um bolo à nossa frente, porque não comê-lo? Se nos fazem falta os dois pontos, porque havemos de os reter no bolso a bem de um qualquer ideal estético? Pode ser precisamente esse o sinal que nos leva lá!

É por causa dos excessos que almas mais sensíveis apelam à abstinência.** Não devemos ficar presos a exortações pretensiosas, mas também será avisado não cair em exageros. Um ponto de exclamação mostra surpresa, dois mostram muito mais, três é um viva! e quatro é demência. Reticências sem fim são suspiros pueris, pontos de interrogação sucessivos costumam ser desnorte, parêntesis desnecessários são falta de jeito e travessões só porque sim costumam dar asneira. Assim, o que importa é saber o que se está a fazer e porquê. Pontue como quiser, mas com consciência. Saiba o valor de cada sinal e saiba porque o pôs lá. Faça como entender, só não o faça à sorte. 

Os extremos raramente ficam bem, nisso podemos todos concordar, já que quase sempre significam desarmonia. De resto, desde que se cumpram as regras básicas e se diga exatamente o que se quer dizer com ela, a pontuação é para ser usada a gosto. Entre o minimalismo da nouvelle cuisine e a abundância da paelha de Villarriba, há um leque de sabores que devemos poder provar sem complexos. Menos nem sempre é mais. Quanto mais sinais de pontuação, mais combinações possíveis, maior diversidade, mais escolha, mais liberdade. Basta encontrar o ponto de equilíbrio. 

E se no fim tiver dúvidas, pergunte a um revisor, a um editor, a um amigo ou conhecido se o prato está bem temperado, se precisa de mais sal ou se é preciso emendar a mão.


* Há também muitas recomendações parecidas relativas a aspas, itálicos, sublinhados e negritos.
** Perdi a conta ao número de vezes que li coisas do género: «Desculpa… estou atrasada!?!?!! Fiquei presa no trânsito..... nem sei o que dizer??!?!!!........» Naturalmente, torna-se mais difícil levar a sério quem se exprime assim do que quem opta por uma via mais sóbria…

29/02/2012

A pontuação na publicidade

Para alguns será uma questão menor, mas a verdade é que somos bombardeados com publicidade diariamente, sendo contagiados por ela de muitas formas.
Se é certo que a publicidade visual goza de alguma elasticidade no que toca a regras de estilo em virtude dos efeitos que pretende alcançar (escrever tudo em maiúsculas para conseguir maior impacto ou partir as linhas em vez de usar vírgulas, por exemplo), também é verdade que não se deve escusar a cumprir os mínimos de correção.

No exemplo acima, temos duas frases que não têm ponto final. Começam com maiúscula, contêm uma ideia completa, mas depois falta-lhes o ponto. Na segunda frase é ainda mais tolo, pois até já há uma vírgula!
Na rodela em que se diz que o produto é o n.º 1, falta o ponto entre N e º. Não custava nada lá tê-lo posto. Em nada estorvava o grafismo e (mesmo que estorvasse!...) escrevia-se em bom português.

A publicidade chega a milhares de pessoas. É uma oportunidade para ensinar, deixar uma marca positiva, de mostrar como se faz. Se não se está preocupado com o consumidor (e somos todos consumidores de publicidade, pois é quase impossível fugir-lhe), então pense-se nas vantagens para o anunciante, a agência, etc., em fazer um trabalho bem feito.

A forma da mensagem é importante. Não cumprir os mínimos é uma vergonha para o emissor e, no fim de contas, uma falta de respeito para com o destinatário.