27/09/2012

Aplicações de dicionário

Quem, como eu, tem um espertofone pode andar munido de uma aplicação gratuita de dicionário on-line. Só funciona quando a transmissão de dados (aka «ligação à net») está activada, mas é melhor do que nada. Se quiser ter um dicionário no aparelho, tenho de o pagar.

Optei primeiro pela aplicação da Porto Editora. Já a tinha visto noutro telefone e parecera-me bem. Qual não é o meu espanto quando, na hora de instalar, leio que uma das condições de instalação é ceder-lhes o acesso a dados privados do meu telefone. É que não são uns quaisquer dados anónimos para efeitos estatísticos...



Ler identidade e estado do telefone? Que significa isso? Vejamos:

Determinar o número do meu telefone, o seu número de série, se estou a fazer uma chamada e para que número estou a ligar?!

Bem sei que esta permissão pode dar acesso a estes elementos e que isto não significa que a PE queira usar os dados, mas, seja como for, é um tanto sinistro. Não consigo imaginar um bom motivo para queiram sequer a possibilidade de acesso a esta informação, e, sobretudo, não consigo imaginar um bom motivo para eu a conceder.

Um ponto a menos para eles, um a mais para a Priberam, que só me impõe duas condições, bastante razoáveis:


A permissão para modificar/eliminar conteúdo do cartão SD refere-se apenas a instalar/desinstalar a aplicação do telefone. Aplicação essa que, pelo que vi até agora, funciona muitíssimo bem.

25/09/2012

Ler com os ouvidos

Há uns anos, quando comecei a trabalhar a tempo inteiro, notei que a minha vontade de ler à noite, que costumava ser mais que muita, tinha diminuído. Sentia os olhos cansados, do ecrã, da papelada, do implacável ruído visual. Entretanto encontrei estratégias para contornar isso e adaptei-me. Contudo, há alturas em que simplesmente não me apetece ler, por ter passado o dia inteiro a fazê-lo. É aí que entram os podcasts e as suas muitas virtudes.

Seja na cama, em percursos de metro, enquanto corro ou espero que chegue a minha vez nos Correios, basta carregar no play e estou rodeada de gente interessante, a ouvir coisas novas, a sorrir com os gracejos e, sobretudo, a refletir exatamente as alegrias que um livro me dá.

Se compreende inglês e tem um leitor de mp3, bem-vindo ao paraíso. Explore os podcasts gratuitos da BBC (ah... a BBC, a maravilhosa BBC...) ou do Guardian dedicados a livros e a autores. Em 40 minutos, fica a conhecer um escritor, uma obra, uma ideia. Os apresentadores recomendam-se e os convidados costumam ser de altíssimo gabarito.

Há muitos outros temas (da filosofia à ciência) por onde escolher. Na verdade, oferta não falta. Para começar, pode selecionar alguns daqui ou daqui, por exemplo.

Boas leituras/audições!

21/09/2012

Simplificar

 

Segundo Alan Siegel, temos demasiado palavreado burocrático em todo o tipo de documentos, o que só baralha quem tem de compreender os seus direitos, os seus deveres e assinar por baixo. A sua proposta é simples: simplificar. Ou seja, a papelada deve ser breve e inteligível.
São 4 minutinhos de vídeo que valem bem a pena.


19/09/2012

Vida de escritor



Desenho de Grant Snider, autor de muitos e bons cartoons sobre livros, literatura, escritores e não só.

17/09/2012

Cosias úteis

A rapidez na digitação leva a gralhas, já se sabe. Porém, há umas mais sistemáticas do que outras. Tenho duas gralhas de estimação: cosia, em vez de coisa, e masi, em vez de mais. No segundo caso, o corretor do processador de texto ainda acusa o erro, mas, no primeiro, não.

Dantes, quando acabava de escrever alguma coisa, tinha de fazer um «localizar/substituir» a cosia para apanhar eventuais pontas soltas. Entretanto, maravilha das maravilhas, descobri que o Word permite corrigir automaticamente palavras que definamos como gralhas.

É simples. Basta irem ao menu principal (botão no canto superior esquerdo), carregarem em «Opções do Word» (botão no canto inferior direito), escolherem «Verificação» e, no campo «Opções de Correção Automática», introduzirem a palavra errada e a palavra pela qual querem que o o Word a substitua automaticamente.

Agora, sempre que escrevo masi, o Word emenda logo para mais. E, como quase nunca escrevo cosia, também criei uma regra para coisa.

Se costumam enganar-se muitas vezes numa palavra em particular, esta é uma boa solução.

14/09/2012

Como ser escritor

Ser-se escritor tem muito que se lhe diga. Os próprios escritores andam às voltas com o assunto. Depois, há quem queira tornar-se escritor, sentir-se escritor ou afirmar-se escritor. O que é preciso para se ser escritor? Como se é escritor? 
Não tenho resposta para essa pergunta, mas há pessoas cheias de ideias sobre o assunto, como podem ver neste artigo
Algumas das dicas do artigo são engraçadas («diga a si próprio que é escritor»), outras são insólitas («beba água, para evitar a fadiga»), mas vale a pena passar os olhos pela lista. Quem sabe, talvez uma das 201 sugestões ajude algum aspirante a escritor a descobrir o seu caminho.

13/09/2012

Demais / de mais

Hesitamos muitas vezes entre escrever «demais» ou «de mais». Quando usar uma forma e quando usar outra? A resposta não é simples, mas um ponto de vista que me parece bastante válido pode resumir-se assim:


Assim, dizemos «os portugueses gastam demais» e «os portugueses gastam gasolina de mais».

Para perceberem a complexidade da questão, leiam o artigo completo aqui.

10/09/2012

Hermann Hesse

«Existem, para cada falante, as palavras que lhe são favoritas e as que são estranhas, as preferidas e as evitadas, as quotidianas, mil vezes utilizadas sem nelas recearmos um desgaste, e outras, festivas, que, por muito que lhes tenhamos amor, apenas empregamos com grande ponderação e parcimónia; dizemo-las e escrevemo-las com a raridade e criteriosa seleção apropriadas ao seu carácter festivo. Entre estas, conta-se, para mim, a palavra "felicidade".»

Em Ainda da Felicidade.

07/09/2012

Na pele

A artista e escritora Shelley Jackson está a levar a cabo um projeto chamado Skin, que reúne 2095 pessoas para contar uma história simultaneamente definitiva e efémera. Cada voluntário tatua uma palavra que lhe é enviada e, no fim, o conjunto dá corpo à história.

Segundo a autora, «os participantes serão conhecidos como "palavras". Não serão vistos como portadores ou agentes das palavras que transportam, mas como as suas encarnações. Assim, os danos ao texto impresso, como dermabrasão, a cirurgia a laser, tatuagens para tapar a palavra ou a perda de membros, não serão considerados alterações à obra. a morte das palavras as apaga do texto. À medida que as palavras morrem, a história vai mudando, até que a última palavra morre, momento em que a história também morre. A autora fará os possíveis para estar presente nos funerais das suas palavras.»



Já há 1850 pessoas tatuadas. Se quiser participar, as regras estão aqui. (Tenha só cuidado com os erros ortográficos.)

05/09/2012

O redator e o diretor de arte numa agência publicitária

A publicidade não é só imagens, também está cheia de texto e alguém tem de o escrever. Em conjunto com o diretor de arte, o redator (ou copywriter) define a história que o cliente quer contar.
Quem já conhece o trabalho destas duas pessoas dentro de uma agência vai sorrir com a generalização; quem ainda não conhece fica com uma ideia do que vai na cabeça de cada uma. Ora espreitem:

03/09/2012

Imenso

Imenso adj.  
1. Tão grande que não pode ser medido ou contado. 
2. Enorme. 
3. Numerosíssimo. 
4. Indefinível. 
5. Infinito.

«Imenso» é um adjetivo não um determinante, um advérbio ou um pronome, como «muito» e caracteriza alguma coisa. Assim, não devemos dizer que temos «imensos amigos», pois estamos a dizer que eles são, em si, desmedidos, enormes, ou que «comemos imenso»: imenso quê?

Se no discurso corrente todos sabemos o que a outra pessoa quer dizer, em contextos nos quais a precisão é necessária isto pode dar azo a equívocos. Como é fácil os vícios da oralidade imiscuírem-se no discurso formal, convém ficarmos atentos.


PS: Um dia depois de ter escrito isto, chamaram-me a atenção para o facto de, no Dicionário Houaiss, imenso vir listado como pronome e advérbio. Aliás, não é só no Houaiss, também o da Porto Editora regista o termo como advérbio. Contudo, estou com Rodrigo Sá de Nogueira e continuo a achar que imenso não é sinónimo de muito.