Ler é maravilhoso, escrever também, as palavras são pombas que pousam na linha telefónica e veiculam sentidos, música para os nossos ouvidos.
Porém, contudo, todavia... há palavras horríveis. Não falo dos palavrões, claro, que os há bem engraçados e têm uma função muito concreta, a de serem palavras desagradáveis, que quase sempre cumprem bem. Não. Falo de palavras que nos provocam arrepios quando deparamos com elas.
Em tempos, a palavra «panado» era-me insuportável e nunca soube dizer porquê (eu, que até gosto dos ditos). Com o tempo, passou-me. Uma que será para sempre detestável é «badalh**o/a». Custa-me escrevê-la, sou incapaz de a dizer e, actualmente, só me é mais suportável ouvi-la porque alguns amigos decidiram sujeitar-me a uma terapia de insensibilização, à força de tanto a repetir para me arreliar. Dantes encolhia-me, agora já não, embora ainda me custe.
Quem gosta muito de palavras, naturalmente, está propenso a ganhar uma aversão profunda a algumas delas, por vezes de forma bastante drástica e irracional.
O leque das palavras que costumava incomodar-me era muito maior; agora resume-se a umas quatro ou cinco. É claro que continuo a ter outro tipo de ódios de estimação (ou pet peeve, em inglês)* relativos à linguagem, mas isso fica para outro dia.
*A propósito, peeve é uma palavra horrorosa. Sim, também é possível amar ou odiar palavras noutra língua que não a materna.
PS: Se acham piada ao assunto, recomendo
este artigo. Conheço uma pessoa que detesta, precisamente, a palavra
moisture. :)