11/11/2013

Prioridades


No outro dia, encontrei esta imagem no mural de Facebook de uma pessoa próxima. Este tipo de «postais» costumam ter piada e são geralmente irónicos ou satíricos, mas por vezes os seus autores limitam-se a exprimir o enfado que sentem para com o resto do mundo, como acontece neste caso. O postal não me parece nada irónico e, francamente, não sei como pode alguém achar que é mais importante um pai conversar com um filho sobre gramática e ortografia do que sobre sexo e drogas. Não consigo pôr-me dentro da cabeça da pessoa que acha isso, mas conheço esse tipo de pessoas: as que se acham superiores aos outros por se exprimirem melhor oralmente ou por escrito, ou que acham que as deficiências ortográficas descredibilizam só por si narrativas ou argumentos bem formados. Geralmente, essas pessoas tiveram a sorte de terem tido acesso a uma boa formação académica, mas revelam falta de formação pessoal.
Sim, a gramática, a ortografia, a pontuação, a dicção, tudo isso são coisas importantes e devemos ser exigentes em relação a elas , mas não são prioritárias (que tal acabarmos primeiro com a fome no mundo, hein?), nem nenhuma deficiência a esse nível justifica uma postura de grammar nazi.
Relembrando as sábias palavras de Manuel António Pina: «Precisamos mais de boas pessoas [...] do que de bons escritores. Bons escritores há muitos, [...] boas pessoas não.»

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