Quase todos caímos no mesmo erro repetidamente: dizermos a nós próprios «não vale a pena tomar nota desta ideia, não me esquecerei dela». A maioria das vezes esquecemo-nos. Não imagino quantas boas ideias nunca viram a luz do dia por causa desta atitude, mas não terão sido poucas.
É claro que de onde vieram aquelas ideias virão outras. O problema é que aquela pode nunca mais voltar. Além disso, o esforço de não nos esquecermos de uma coisa ocupa-nos neurónios que podiam estar a ser usados em tarefas criativas.
Apontar esses pensamentos permite-nos voltar a eles mais tarde, vê-los a outra luz e precipitar associações de ideias felizes. Ficamos livres para pensar noutras coisas e em coisas novas a partir das antigas.
Estas notas poderão ser aproveitadas ou não, pouco importa. O importante é que as resgatámos. E quando nos sentimos bloqueados, perdidos, sem génio, visitar esse arquivo vivo consola-nos e dá-nos alento.
Basta ignorar a vozinha insidiosa que diz «não é preciso» e habituarmo-nos a pôr as ideias no papel. É meio caminho andado para fazer qualquer coisa interessante a partir dali. E mesmo que um dia perdêssemos os apontamentos, o simples facto de termos escrito o que nos ocorreu ajudaria a salvar algumas coisas do esquecimento.
Seja num bloco tradicional
— os de cima são da Emílio Braga, os Moleskine portugueses, e estão à venda n'
A Vida Portuguesa —, em papelinhos soltos (o meu caso) ou numa aplicação sofisticada, como o
Evernote, vale sempre a pena gastar dois segundos a tomar nota.