21/01/2013

Aprender com os outros #1

John Hodgman, autor de vários livros e ex-agente literário, fala sobre a sua experiência como escritor.

16/01/2013

Palavras mal-ditas



Há palavras que teimam em ser mal ditas e, depois, mal escritas. «Espilrrar» é apenas um de centenas de exemplos à disposição. 
Curiosamente, quase todas as novas versões das palavras são mais complicadas do que o original. Se fosse para simplificar, compreendia-se o motivo, mas quase sempre é mais difícil dizê-las e escrevê-las mal do que bem. 
De todas as palavras-equívoco, a minha preferida é «volúpcia». Mistura voluptuosidade com pelúcia, o que me lembra logo veludo. Na minha cabeça, a palavra tem esta forma:


Outra palavra muito boa é «sigílio». Na fotografia, o que vemos é «sigilio» (do verbo «sigiliar»?), o que constitui uma nova forma de erro. Delicioso. A imaginação humana não tem limites.


PS: A propósito da imagem, aproveito para lembrar que, no sentido de unidade de medida, «grama» é uma palavra masculina. Só devemos usar «grama» no feminino quando nos referimos à relva. Ou seja, na charcutaria, o que pedimos é duzentos e cinquenta gramas de «mortandela».

14/01/2013

«Escrever não é só romances» #3

Também se escrevem cartas, muitas, óptimas, cheias de amor, de inteligência e de graça, cheias de vida e nada ridículas.

07/01/2013

Preços


Pedem-me muitas vezes que diga quanto levo por página nos trabalhos de revisão ou edição de texto, de tradução e de redação. A minha resposta é sempre igual: «depende». Pode ser 1,5 € por página ou pode ser 15 €.

Tudo depende dos prazos, do tipo de trabalho, das dificuldades que põe, da bagagem que exige, da extensão, da modalidade de pagamento, do tipo de relacionamento com o cliente e de muitos outros fatores. Não funciono com preços tabelados ou aproximados – dou sempre um orçamento (gratuito, confidencial e sem compromisso) específico para cada projeto, em função de uma boa amostra do texto e daquilo que se pretende.* Embora a formulação destes orçamentos individuais me tome tempo, é o mais justo para o cliente e para mim. Assim, ninguém paga a mais e ninguém recebe a menos. 

O preço justo não é um «preço competitivo face à média do mercado» (uma abstração ninguém sabe ao certo qual é a média, nem ela é justa em si mesma), é um valor a que se chega olhando bem para as expectativas do cliente, para a natureza da tarefa e para a qualidade do serviço prestado. 

Não é uma questão de «ser subjetivo». Mais objetivo não podia ser. Trabalhos diferentes = preços diferentes. 
A revisão de uma tese de doutoramento não dá o mesmo trabalho por página que dá a revisão de um romance; um texto em bom estado exige menos do editor do que um texto cheio de fragilidades; traduzir um texto com terminologia obscura em tempo recorde é mais difícil do que traduzir calmamente um texto publicitário, e assim por diante.  
Quando vamos ao dentista, não pagamos um valor fixo, os dentistas não levam todos o mesmo e não pedimos aos dentistas que nos digam «por alto» quanto levam sem sequer lhe dizermos o que nos aflige, pois não?

Pela minha parte, desconfio bastante de quem cobra sempre o mesmo, pois o mais provável é que não seja um profissional sensato (está disposto a perder dinheiro nos casos difíceis e a cobrar a mais nos casos fáceis) e qualificado (se não é sensível às diferenças de caso para caso, dificilmente terá a sensibilidade necessária para desempenhar bem a sua tarefa). 


*A minha única exceção a esta regra são as traduções de livros para algumas editoras com quem trabalho regularmente. Já as conheço, já conheço o tipo de textos e, portanto, há um preço fixo por página.

04/01/2013

Conversar com autores

Já aqui falei de podcasts, episódios de programas de rádio que podem ser descarregados gratuitamente on-line e ouvidos mais tarde em qualquer leitor (computador, iPod, telemóvel...). Descobri recentemente um programa óptimo, o BBC World Book Club. Todos os meses se discute um livro de ficção com o seu autor, que responde a perguntas do público. Isto permite-lhe ficar a conhecer melhor o escritor, a obra e a mecânica literária. Além de entreter, aprende-se muitíssimo.
Se gosta de conversa inteligente, se não tem tempo, dinheiro ou disposição para ir a lançamentos, ler revistas da especialidade ou entrevistas no computador, a resposta é o BBC World Book Club. Tem de compreender inglês é o único senão , mas cada minuto vale a pena.
Para começar, sugiro-lhe este episódio, com Colm Toibin. O autor, além do sentido de humor, ainda tem grandes tiradas (como «a página não é um espelho»). Food for thought, indeed.

02/01/2013

«Escrever não é só romances» #2



Também se escrevem canções.