30/03/2012

«Quando muito» ou «quanto muito»?

É uma dúvida comum e oiço ambas as versões com a mesma frequência. Porém, só uma está correta: quando muito.

Como se fala em «muito», pode parecer que nos referimos a quantidade, mas não. Estamos a referir-nos a uma possibilidade: «quando muito» é o mesmo que «na melhor/pior das hipóteses», «no máximo» ou «em última instância», isto é, refere-se a um cenário hipotético.

Assim, não há margem para hesitações, é sempre quando muito.

28/03/2012

Dica da semana

Sabe o que são serifas? Como diz a Wikipédia, e bem, são os «pequenos traços e prolongamentos que ocorrem no fim das hastes das letras».


Os tipos de letra serifados facilitam a leitura de blocos de texto extensos porque ajudam os nossos olhos a unir as letras numa só palavra, levando-nos a ler de forma mais corrida. São muito usados em textos literários, por exemplo.
Os tipos de letra não serifados dão mais destaque às letras individuais e fazem com que leiamos o texto com outra atenção. São usados com frequência em textos técnicos ou em publicidade.

Assim, se quer evitar ao máximo as gralhas, use um tipo de letra sem serifas, uma vez que os lapsos saltam mais à vista. Quando acabar de reler o texto, pode sempre mudar.

27/03/2012

Leitura recomendada I



A editora Pergaminho acaba de publicar Como Não Escrever um Romance, 200 erros clássicos e como evitá-los, de Sandra Newman e Howard Mittelmark. Este é um guia sério e ao mesmo tempo hilariante sobre o que não fazer quando se escreve um livro (romance ou outro tipo de texto, pois a extrapolação é possível e desejável).

Ao escrevermos, caímos sem dar conta em muitas armadilhas: fazer descrições longas sem finalidade aparente, omitir elementos importantes, usar a pontuação de forma desgovernada, etc. Esta check list de 200 itens ajuda-nos a perceber se temos arestas por limar na nossa obra, mas também a interpretar de forma mais crítica os textos alheios.

A meu ver, o grande trunfo do livro (embora trunfos não faltem) é o humor. Incisivos onde devem ser, os autores não são trocistas no mau sentido. Ou seja, não fazem pouco do autor que tenta pôr alguma coisa interessante no papel, procuram apenas mostrar-lhe de forma descomplexada por que caminhos não deve ir e porquê.
A nota menos positiva, e que não é de todo grave, vai para a ideia omnipresente de que um bom romance não viola certas regras. Os autores bem dizem na introdução que não apresentam regras, apenas reflexões, mas estas reflexões aplicam-se sobretudo ao romance médio, havendo sempre honrosas exceções. Vladimir Nabokov e Garcia Márquez, por exemplo, passaram por cima dos conselhos nos capítulos 1 e 2 com um trator.
Há ainda uma confusão entre «obra não publicada» e «obra impublicável», mas isso não atrapalha demasiado a leitura

O mercado está cheio de oficinas e manuais de escrita criativa e isso é ótimo , mas faltava este livro. Uma bíblia para uns, uma pérola para outros, recomendo-o a todos: autores, profissionais da edição e leitores em geral.

26/03/2012

Porque escrevo segundo o NAO

Já várias pessoas me têm perguntado porque* escrevo segundo o novo Acordo Ortográfico, tanto aqui no blogue como no site, já que nem simpatizo com ele. De facto não simpatizo, pois parece-me mal pensado a vários níveis. Porém, a maioria das instituições (editoras, institutos, marcas) já o adotou. Se a maioria dos meus clientes faz essa opção, uma vez que tenho porta aberta isto é, presto um serviço comercial , não tenho outra solução senão adaptar-me. Posso não concordar pessoalmente, mas profissionalmente faz sentido que siga a direção dos clientes. Além disso, na (minha) prática, as mudanças não são assim tão dramáticas e difíceis de executar. Para ser franca, ao fim de alguns meses, projeto já me sai sem o c. (Lembram-se da passagem do escudo para o euro?)

Posso não gostar da mudança e da maneira como tentam impô-la, mas, seja como for, ainda bem que me consigo adaptar. Se um autor quiser usar a grafia antiga, terei o maior gosto em segui-la; se outro cliente optar por usar a nova grafia, não hesitarei em acompanhá-lo.

Quanto ao que aí vem, é esperar para ver. Será o AO anulado, uma vez que faltam ratificações? As mudanças anunciadas pelo secretário de estado serão grandes? Quando e como acontecerão? Até que a poeira assente, usarei o NAO, já que a maioria o impôs, pelo menos a título temporário.


* Em breve farei um post sobre o porque e por que.

23/03/2012

A primeira frase

Num romance, é decisiva. A primeira frase pode agarrar-nos num instante ou afastar-nos para sempre. Não faltam listas das «melhores primeiras frases de sempre», mas é difícil enumerar as piores, talvez pela abundância de candidatas... A livraria «Pó dos Livros» decidiu abraçar esta árdua tarefa fazendo um seleção dos piores inícios de romance que encontrou, submetendo-os a votação no seu blogue.

Nesta lista há uns escatológicos, outros de uma falta de gosto incrível. Se dependesse de mim, o prémio ia para Sim, ela era uma mulher que tinha sido homem, mas ela ainda sabia como piscar as suas pestanas. É que, além de ser uma frase desajeitada, ainda saber como piscar as suas pestanas é ridículo. (Talvez seja apenas uma tradução incompetente. Nesse caso, voto na última opção, pois parece-me pouco inspirada, tenha sido escrita para ter piada ou nem por isso.)

O interessante é que, num ou noutro caso, fiquei com vontade de ler mais. Seria um belo exercício de escrita tentar produzir qualquer coisa interessante a partir de uma primeira frase destas, não?

21/03/2012

Rótulos

Todos reparamos neles, especialmente se forem de produtos que deixamos à mão. Quem não lê de fio a pavio a caixa dos cereais enquanto toma o pequeno-almoço? Assim, aqueles cm2 são preciosos para se transmitir uma mensagem. Em poucas linhas, pode ser ali que se decide uma compra ou a ligação a uma marca — acaba por ser como a contracapa de um livro. 

Se o texto estiver bem feito, sorrimos para dentro ou (conscientemente) mal damos por ele. Se for confuso ou tiver erros gritantes, deixa-nos perplexos e mal impressionados. Vejamos um exemplo de prosa disparatada:


O chá gelado está na moda? Maneira «para»? «Matar» num texto publicitário que se pretende ligeiro? Alternativa a quê? Para beber com Limão (porquê a maiúscula?) ou com a família? Claramente com toda a minha família?
Os senhores do Pingo Doce estavam mais do que distraídos quando escreveram isto; estavam embriagados de Iced Tea.

Um rótulo não precisa de ser poético, mas não tem de ser patético. Por isso, ofereço-me aqui e agora para reescrever este texto gratuitamente. Senhores do Pingo Doce, encontram os meus contactos no site ou no canto superior esquerdo do blogue.

20/03/2012

Uma nova página

Quis comprar um livro digital na Amazon, para ler com o Kindle. Não é um livro conhecido nem tem equivalente em papel. Desci na página do artigo, até ao sítio onde costuma vir indicado o número de páginas, e vi qualquer coisa como 846 KB. Felizmente que descobri na linha seguinte a indicação do print length (era de 200 páginas), para me poder guiar. Um livro com 846 KB? Nunca tinha pensado tão concretamente nisso assim. O tamanho já não se mede em quilos («um tijolo») ou em páginas («um calhamaço de setecentas páginas»). O formato já não são centímetros, mas extensões mobi ou pdf. Entrar numa livraria e pedir um ficheiro é estranho; parece piada, até. Por enquanto.

A verdade é que a página, como tudo o mais, se está a desmaterializar. No paradigma digital, deixa de haver frente e verso, a largura da mancha é a que o leitor (digital) permitir e a que o leitor (pessoa) quiser. Isto é totalmente novo. Se o suporte muda tanto, muda ou pode mudar quase tudo. As possibilidades são infinitas e vejo-o como uma coisa boa. Já sabia de tudo isto, claro, mas em teoria. Constatar que quero um livro de 846 KB tal como quero outro com 120 páginas de papel revelou-se desconfortável. 

Sinto-me com sorte por viver nestes tempos, em que assisto tão de perto a uma revolução gygantesca.

19/03/2012

Escrita & dinheiro

Alexandra Lucas Coelho escreveu ontem, no Público, um artigo sobre as dificuldades dos escritores e a falta de aposta na escrita por parte de entidades públicas e privadas em Portugal. O texto dá um bom vislumbre do cenário em que vivemos. Porém, se concordo com umas coisas, não concordo com outras. Vejamos ponto a ponto.

  1. Deixar um emprego de que não se gosta para fazer outra coisa mais gratificante é uma escolha pessoal e certamente que quem faz essa opção conhece as dificuldades inerentes (se não conhece, deveria conhecer). Assim, mais ninguém deve ser diretamente responsabilizado pelas desvantagens encontradas.
  Por outro lado, é um facto que muita da tradução (não só a literária) em Portugal se faz também à custa desta «falta de alternativa». Os fatores são muitos: demasiada oferta (frequentemente pouco habilitada), editores e leitores ainda pouco exigentes e pouco cientes de que qualidade e preço costumam andar a par, mercado pequeno (o que cria uma enorme pressão para baixar os custos das edições), fragmentação da classe (os escritores, tradutores, revisores e designers trabalham de forma relativamente isolada, o que os expõe mais às imposições dos clientes), entre outros.

  2. Sem dúvida que a maioria os autores de artigos, crónicas, prefácios e afins são mal ou nunca remunerados. O «prestígio», a «honra» de pôr tinta no papel para público ver já deve ser paga suficiente. A questão é que não é. Algumas pessoas parecem acreditar realmente que «o tempo dos gestores é dinheiro, como o dos canalizadores, mas [que] quem escreve não paga luz, não tem fome, não tem família, não precisa de seguro, de segurança social, nem, mais à frente, de pagar o funeral.» É triste. Porém, cabe aos trabalhadores intelectuais combater isto. Recusar. Se no início de carreira se pode justificar fazer o sacrifício (enfim, como se fosse um estágio, para ganhar nome e experiência), depois disso há que pôr travão a essa prática que tudo distorce. Quem aceita trabalhar nestas condições tem uma boa fatia da responsabilidade. Há os que tomam partido disto, sim, mas porque há quem consinta.

De resto, todos sabemos que é difícil viver da escrita. Em Portugal ou em qualquer outro ponto do mundo. Isso não é surpresa. Milhares de escritores foram-no e são-no nos tempos livres. Se queremos dedicar-nos a isso a tempo inteiro, não podemos esperar que a sociedade reconheça automaticamente o valor dessa entrega e esteja obrigada a dar ao escritor todas condições necessárias para que exerça descansadamente a sua profissão. A verdade é que a sociedade em geral não está interessada em financiar a criação intelectual e artística. Se deve estar ou não, e em que moldes, já é outro assunto.

  3.  Os trabalhadores intelectuais têm também as suas responsabilidades neste campo. (It takes two to tango, ainda que uma parte seja mais fraca do que a outra.) Em muitos casos, não estão preparados para admitir que as suas criações têm um preço, reconhecer que são profissionais como outros e exigir o que lhes pertence. Há quem não respeite os autores, mas há muito autor que não se respeita a si mesmo. É duro reconhecê-lo, mas já vi isto acontecer demasiadas vezes.

(Imagem colhida daqui.)

  4. e 5. Concordo inteiramente que incentivar a criatividade é fazer uma aposta a vários níveis e que as entidades têm muito a ganhar com isso. Por outro lado, discordo totalmente da ideia de ter de haver bolsas para escritores financiadas por dinheiros públicos. Essa possibilidade não tem de existir. Um governo deve preocupar-se em criar as condições sociais e económicas para um país e os seus cidadão onde se incluem os autores poderem prosperar, mas não penso que deva gastar os dinheiros públicos a financiar o autor X ou o autor Z. (Nem só de pão vive o homem, é certo, mas parece-me errado tirar pão da boca de quem mais precisa para poder alimentar os autores que querem dedicar-se exclusivamente à criação artística. Teríamos poetas-funcionários públicos?) Esta é uma questão complexa, que explorarei noutro post.

  6. Impossível não concordar. Sublinho sobretudo esta passagem: 
 «Eu vejo duas boas razões para escrever [eu diria trabalhar, em geral] de graça. A primeira é quando alguém próximo nos pede. A segunda é quando reverte a favor de quem precisa. No primeiro caso trata-se de amizade, no segundo de voluntariado. O resto chama-se abuso.»

  7. Não creio que o atual florescimento da indústria literária brasileira se deva diretamente aos subsídios governamentais; penso que se deve sobretudo ao ambiente económico que o país vive, que permite a muitas pessoas tomarem determinadas opções.
  Além disso, este é um «momento em que tudo parece crescer no Brasil», sendo natural que os privados invistam nas artes. Em Portugal, nesta altura, pode exigir-se que Estado e privados invistam dessa forma? Pode esperar-se que os privados o façam (eu adoraria que o fizessem), mas não pode exigir-se. Quanto ao Estado, exijo é que cumpra o seu papel de forma competente e, como consequência, que nos liberte da ignorância e da corrupção, que nos poupe a esforços mal direcionados, deixando-nos mais tempo e dinheiro para pensar, ler, escrever.

  8. Daqui, nunca é demais sublinhar que «vergonha é que quem convida não fale em dinheiro, indigno é partir do princípio de que os escritores dão o seu trabalho, a única coisa pela qual podem ser pagos». Infâmia é os clientes tentarem furtar-se a pagar o que devem aos seus fornecedores. Não nos esqueçamos disto.



Os profissionais que queiram comprar uma t-shirt para divulgar esta causa podem fazê-lo aqui.

16/03/2012

Curso de Escrita Criativa na UCP

A Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica vai realizar um workshop intitulado «Escrever para Crianças e Jovens», ministrado por Margarida Fonseca Santos. O curso tem a duração de 39 horas e decorrerá em horário pós-laboral.

Inscrições até 13 de Maio.
Mais informações aqui.

15/03/2012

O plural de modéstia*

Já todos reparámos que os textos académico-científicos têm características próprias. Uma delas, e que salta bem à vista, é alguns autores usarem a primeira pessoa do plural — nós — em vez da primeira pessoa do singular — eu — quando exprimem as suas posições.**

Trata-se de uma mera questão de estilo, e também de tradição, nada tendo de incorreto. Com esta estratégia, os autores pretendem mostrar à academia ou aos leitores uma certa humildade, evitando a afirmação de um eu, mantendo um tom mais genérico e menos pessoal.

Contudo, isto sempre me causou estranheza… Se o autor é só um, por que razão fala como se houvesse mais gente a defender exatamente as mesmas ideias?
Apesar de estar muito familiarizada com esta tradição pluralizante, em vez de me parecer uma postura de modéstia, soa-me sempre a presunção, como se se dissesse «não sou o único a pensar assim, somos muitos».

Além do mais, numa altura em que já estamos tão contagiados pela simplicidade e descontração dos textos em inglês, pode parecer pura afetação por parte do autor, o que só o distancia do leitor.

O que pensam sobre isto?


* Não confundir com o «plural majestático», que, embora também troque a primeira pessoa do singular pela primeira pessoa do plural, é usado para outro fim.

** Refiro-me apenas a quando exprimem as suas posições («é nossa hipótese», etc.), não a quando sublinham a relação autor-leitor através de expressões como «consideremos agora» ou «como vimos atrás».

14/03/2012

Festival Literário da Madeira 2012

Começa amanhã o segundo Festival Literário da Madeira, que decorrerá até domingo. Conferir o programa das festas aqui.

13/03/2012

«Novos autores e novas escritas em Portugal»

Quem são os novos autores portugueses? O que os une e o que os separa? Em que nome escrevem e em que nome surgem em público? Numa época de novas tecnologias, novas formas de aparecer em público, crise económica, intelectual e ideológica, o que é preciso para se ser um escritor?

Dia 23 de março, em Setúbal, Rosa Azevedo dará uma conferência intitulada «Novos autores e novas escritas em Portugal».

Mais informações aqui.

12/03/2012

«O Captain! My Captain!»

Quem não conhece este poema de Walt Whitman, que surge em destaque no filme O Clube dos Poetas Mortos?


O texto original é de 1865 e foi revisto pelo autor logo após a publicação. Em 1871 foi revisto pela segunda vez. Em fevereiro de 1888, Whitman escreve uma nota ao editor da The Riverside Literature Series n.º 32, alertando-o para o facto de ter imprimido uma versão desatualizada do poema e mandando-lhe a página corrigida.



Os autores que decidem rever a sua obra, especialmente os poetas — veja-se o caso de Herberto Helder, reescritor profissional —, devem acompanhar de perto a introdução das alterações para garantir que está tudo como querem, pois podem acontecer enganos destes. Era assim há 120 anos, é assim hoje.


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Para quem quiser recordar:

06/03/2012

Referências bibliográficas

  São o pesadelo de muitas pessoas, incluindo alunos de licenciatura e profissionais experientes. Chegada a altura de citar as obras usadas como referência para o que se escreveu, como dispor os elementos? Segue-se a tradição ou as normas da APA? Que é isso da APA? Não posso usar os meus critérios? 

  Seria mais fácil para todos se existisse uma norma e esta fosse seguida universalmente. Foi o que pensaram vários indivíduos e instituições. Assente a poeira, acabou por se fixar um número limitado de estilos, caso contrário ninguém se entendia. Pode-se usar um ou outro critério, desde que de modo coerente ao longo de um mesmo texto/livro. Em Portugal, a instituição que zela por estes assuntos é Instituto Português da Qualidade. Compilou as normas para os vários casos, explicitou-as e é o guardião das regras estabelecidas. Creio que para termos acesso às normas temos de as comprar. Não sei ao certo como se processa essa parte, mas ouvi dizer que não são baratas. Tenho um conjunto de fotocópias de fotocópias desses documentos e, em caso de dúvidas, recorro a elas. São de navegação difícil, tal a minúcia, mas está lá tudo. 

De forma consciente ou não, com mais ou menos retoques, entre nós costumava usar-se a norma portuguesa (NP). A certa altura, os ventos anglo-saxónicos começaram a soprar e a impor as regras da APA para aceitação de artigos científicos em publicações e afins. (A APA é a American Psychological Association). Depois, há o manual de Chicago. E o estilo MLA. E não fica por aqui. Assim, entre várias diretivas consagradas, as da instituição/editora e as do juízo do autor instalou-se a confusão. 

Uma função rotineira dos revisores é normalizar a secção das referências bibliográficas (seguindo as orientações dos autores ou dos editores, que elegem um dos muitos critérios disponíveis), e a tarefa costuma ser trabalhosa, demorada e de grande responsabilidade. Nem sempre temos os manuais à mão e só alguns estão on-line, o que resulta em perdas de tempo acrescidas. 

Felizmente, houve quem se lembrasse de resumir as várias normas e estilos num só documento explícito. A Universidade de Aveiro disponibilizou recentemente um PDF para download gratuito e estou certa de que será útil a colegas, autores e editores. Com esta ferramenta, o trabalho fica facilitado e rapidamente passamos a falar todos a mesma linguagem.
Aproveitem e divulguem! 


PS: Voltarei a falar de secções bibliográficas em posts futuros, pois o assunto tem que se lhe diga.

02/03/2012

Brian Dettmer

Um autor, editor, revisor ou tradutor é alguém que esculpe livros, que os pule e burila, mas isto ultrapassa tudo o que já vi...




Mais aqui.

01/03/2012

O perigoso ofício de tradutor

Os obstáculos à tradução não são só as dificuldades inerentes ao exercício de verter uma língua para a outra... No Irão, por exemplo, equivalem a um bilhete de ida para a cadeia.

Como relata este artigo, Mohammad Soleimani Nia, tradutor de Funny in Farsi, um sucesso de vendas que devolveu o riso a muitos iranianos (antes de ser banido), foi detido e levado para uma prisão algures em Teerão. Ninguém tem notícias dele desde essa altura. Nia passou a fazer parte do grande grupo de jornalistas, bloggers e afins encarcerados sem qualquer respeito pelos seus direitos mais básicos.

Segundo o autor do texto, que é também autor do livro em causa, «um tradutor é um alquimista que transforma a cadência, a voz, o significado e o simbolismo da minha língua para a do leitor, de uma cultura para outra. Alguém que dissemina ideias, aproxima mundos e apaga fronteiras. Este é um trabalho perigoso num lugar como o Irão...». 

Estamos longe de viver num mundo com livre circulação de ideias. Há muito a fazer nesse campo. Pode começar-se por aqui, por exemplo.